terça-feira, 31 de março de 2009

Inhaca... Paradise, Inc!


















Bom dia, fico contente por ver que já conseguimos recrutar mais uns quantos seguidores, o capitão Mário, o artista André, a bracarense Marta e a Sara do panças sejam bem-vindos :)
Já o senhor da feira popular dizia: "[...] mais uma volta, mais uma viagem [...]" e é verdade, desta vez fomos passar o fim-de-semana à Ilha de Inhaca. Este pedaço de céu perdido no mar, situa-se a cerca de 40km frente à baía de Maputo e o facto de termos uma colega a estagiar no Hotel Pestana Resort de Inhaca, foi a desculpa perfeita para a dita aventura de dois dias. Para quem vai da metrópole até à ilha, existem duas opções: um ferry que demora cerca de 2horas a fazer o percurso por 20USD ou um avião por 30USD e que faz o mesmo em 12minutos. Perante a diferença de preço, optámos por estar às 7h no aeroporto prontos embarcar... e sim, passado um quarto de hora e com muita água na boca de algumas imagens aéreas do que nos esperava, estávamos finalmente no minúsculo aeroporto de Inhaca, já com a nossa querida Maggy Horiuchi à espera!


À medida que nos afastamos do aeroporto, começa-se a perceber que ilha em si é praticamente deserta, fruto da grande protecção proporcionada pela existência de 3grandes reservas naturais. As excepções de relevo são o Pestana Resort e o Inhaca Azul Resort, que oferecem soluções mais ocidentalizadas aos turistas que procuram o seu momento de descanso mas, fora isso, começam a nascer alguns agrupamentos de barracas espalhados pelo território onde os "backpackers" podem passar uma noite em maior contacto com a natureza e sem os luxos habituais dos hoteis... eu e mais três C13's ficámos num desses locais chamado Manico Camp. Muito tranquilo, sem betão à vista nem ar condicionado, apenas com cabanas de palha, casa-de-banho comum e uma ventoínha em cada quarto duplo. Longe dos luxos do hotel, descalcei os chinelos e senti-me como peixe na água. Arrumadas as malas, fomos até à ao hotel ter com o resto dos contactos que já estavam com a Maggy a programar o desenrolar surpreendente do dia de Sábado. Antes de dizer-mos um "ai", já os guardas do território nos estavam a pedir o pagamento da famosa "taxa de visitante" que cada estrangeiro tem de desembolsar para pisar em Inhaca, um procedimento pouco racional, pelo menos na minha opinião, visto se tratar de uma economia local com ainda muita dependência do turismo e que não beneficia nada com estes exemplos de trocos extorquidos à força, quando uma eventual solução passaria pela realização de actividades bem organizadas onde os turistas possam deixar o seu dinheiro, saindo com a sensação de ter sido bem empregue e com vontade de regressar.





Então o plano para a manhã era ir de barco até à famosa Ilha dos Portugueses, uma ilha intocável e completamente deserta em frente a Inhaca, com praias de areia fina e branca, e que representa uma das reservas naturais mais bonitas do território, dando-nos a oportunidade de ver golfinhos enquanto atravessamos o canal até lá, infelizmente não consegui tirar foto para vos mostrar...









Já na ilha em si, montámos o arraial fornecido pelo hotel para termos alguma sombra e enquanto uns foram explorar o território em redor, outros optaram por bater uma sesta debaixo dos chapéus de Sol para recuperar da noite anterior. Quando regressámos do passeio, encontrámos o nosso guitarrista de serviço completamente ferrado num sono profundo, mas aparentemente vagueando feliz e contente nalgum sonho cor-de-rosa, senão vejam esta posição de bela-adormecida... :) Lol!






Depois de alguns banhos no Indico, o barco já estava à nossa espera e era hora de regressar para um almoço rápido porque à tarde íamos finalmente fazer snorkling entre os corais de outra das reservas da ilha. A viagem até ao local de mergulho demora cerca de 20minutos, mas são 20min de pura adrenalina na caixa aberta de uma pickup4x4, conduzida sem receios por um guia local que conhece o caminho como a palma da mão, por uma estrada de areia com apenas uma via, cheia de buracos e tão perto da vegetação que não raras vezes se ouvia alguem gritar "olhem as cabeças", enquanto folhas, ramos espinhados e troncos nos passavam escassos cm's acima da nossa tola a 40km/h. Pelo caminho, as familias que vivem nas cabanas no meio do mato dizem-nos calorosamente olá no dialecto local e as crianças correm atrás do carro, na tentativa de conseguir agarrar-se a uma boleia até à frente para passarem lá o dia e regressarem na viagem à noite com a mesma remessa de turistas que obedecem aos horários estabelecidos pelo motorista e que os pequenos passageiros clandestinos conhecem tão bem...






Chegados à praia deserta, fomos logo abordados por guardas para pagamento de mais uma absurda "taxa de snorkling", que paga quem vai à agua de barbatanas e óculos, mas não paga quem vai à água sem elas... enfim! Esta foi a minha estreia nestas aventuras aquáticas, mas depois de alguns goles de agua salgada que descem pelo tubo directamente para os pulmões, lá me habituei e pude finalmente desfrutar a beleza dos corais e peixes exóticos com cores que até hoje só tinha visto no DiscoveryChannel ou na loja de animais :S Lindíssimo, recomendo vivamente a quem cá vier, desde que claro, me convidem também! Lol.


No final do dia ainda assistimos ao por-do-sol extraordinário que se espelha sobre a água e cujas cores se dividem numa imagem tão única à qual a minha pobre Nikkon 8mgpx não faz justiça!


À noite, desterrados de fome, deixámos o António a dormir no quarto e fomos jantar a uma tasca nas redondezas, pagámos 500MTN cada um (cerca de 15eur) mas foi a melhor refeição que tive por estas bandas até hoje, os pratos seguiam-se em forma de degustação, parecia um casamento, por ordem de chegada tivemos direito a: ameijoas, ostras, camarão pequenino com piri-piri, polvo ensalsado, camarão médio grelhado, peixe grelhado, lagosta com molho de manteiga e para mim, uma italiana Peroni para fugir à habitual Laurentina... huumm até me está a crescer água na boca novamente só de pensar!!!! Ah, é verdade, e Portugal empatou com a Suécia... :S

No Domingo, passámos o dia na piscina do Hotel Pestana de graça com a ajuda da nossa infiltrada Maggy, à hora de almoço no Restaurante Lucas ainda vimos passar uma multidão com cânticos religiosos e a meio da tarde regressámos a Maputo num Cessna de 4lugares, ainda mais pequeno, mais barulhento e muito mais divertido que o outro! Até deu para quem tinha medo de andar de avião, perder um pouco desse receio, quem anda num Cessna, anda em tudo... :) Depois de esperar-mos que o Sr. Presidente da Republica Moçambicana saísse do aeroporto, lá aterrámos e ainda deu para assistir (na TV claro!) aos ultimos minutos do tão esperado derby Moçambique-Nigéria que terminou 0-0, para o qual foram vendidos 100.000bilhetes para 30.000lugares!!! As ordens da PRM (polícia) eram de prender que chegasse em depois a um lugar que já estivesse ocupado por outro espectador... Tudo correu bem e o empate soube a vitória por estes lados, dando lugar a mais uma razão para os adeptos sairem à rua e beber uns refrescos:)


Espero que tenham gostado desta viagem, eu adorei, apesar de ser um dos sítios mais caros que visitei desde que cá estou, vale a pena! Se vierem cá, por favor convidem-me ok? :)





Beijos&Abraços
Nuno

quarta-feira, 25 de março de 2009

Coisas que acontecem... e eu não compreendo!


Bom, é altura do tão aguardado momento "Coisas que acontecem..."!! Apresento-vos a mais recente "jóia" da imprensa africana.

Eu sei que desta vez atrasei-me um pouco à procura de um estranho e merecedor artigo para colocar mas, passado semana e meia, finalmente veio... e vir, vir é algo que se discute bastante na rubrica que vos anexo esta semana, mais do que a minha pobre e limitada compreensão me permite processar...

Não vou opinar sobre isto, vou manter a cara de confuso com que fiquei desde que li o os parágrafos iniciais pela primeira vez. Deixo os comentários convosco, meus fiéis e bem-amados milhares de seguidores... vá centenas... vá 14! :S


Somos poucos mas somos bons, e isso é tudo o que interessa :)





Beijos&abraços,
Nuno

Mercado do Peixe


Bom dia, bom dia! Hoje quero apresentar-vos o famoso Mercado do Peixe de Maputo.Este emblemático local é um dos "must see" para qualquer visitante da antiga cidade de Lourenço Marques e fica situado em caminho da Costa-do-Sol, mesmo em frente ao exclusivo Clube Naval. Apesar de pequeno e quase passar despercebido a quem vai na estrada, a sua fama estende-se por todo o país e muitas recordações já foram inclusivamente levadas além-fronteiras, quer através das máquinas fotográficas dos turistas, quer dos seus estômagos...:)O Mercado do Peixe é uma estructura improvisada com bancadas de madeira e sob um tecto de chapas de zinco com cerca de 100m2. Ali, todos os dias e praticamente a toda a hora vão chegando do mar os verdadeiros diamantes de Moçambique, cujas mãos experientes e despachadas das peixeiras se apressam a preparar para vender ao primeiro interessado. Entre as maravilhas naturais, encontramos variedades infindáveis de peixe (espécies que não conheço nem me atrevo a tentar pronunciar o nome local), alguns deles enormes, caranguejo, lagosta, lagostim, lulas, polvo, ameijoa e camarão, muito camarão, pequeno, médio, grande e gigante, do tamanho de um carapau! Não acreditam??? Vejam a foto... se estivesse vivo não lhe tocava, ainda me arrancava um braço com o coice :)Pelos estreitos corredores com areia, os mais pequenos correm insessantemente a brincar, desviando-se dos homens que carregam as ultimas remessas de peixe recém-apanhado no mar do outro lado da rua. Uns pedem uma moeda mas em geral, estão sempre de olho numa eventual alma menos atenta que pouse o telemóvel, carteira ou maquina fotografica em local menos próprio.Aqui, para não variar do resto do país, tudo tem um preço negociável, e as peixeiras adoram isso. Elas dizem um preço e nós temos de refutá-lo 3 e 4 vezes antes de atingir o final, normalmente cerca de metade do inicial. Parecendo que não, estas mini-negociações dão-nos alguma prática para funções profissionais, e eu que o diga.



---------------------------------------------------//-------------------------------------------Só em jeito de aparte, a negociação mais engraçada que me aconteceu por aqui até agora, foi há cerca de 2semanas quando tentava comprar umas havaianas falsas a um vendedor da rua, foi qualquer coisa assim:
Eu: "amigo, por quanto é que me vende estas?"
vendedor: "vendo por 75 pátrão."
Eu: "então mas vendeu por 25 à minha colega...! Vou comprar ali à frente por 25, queres ganhar tudo, acabas por não ganhar nada"
Vendedor: "okei pátrão, faço 50..."
Eu: "25!"
Vendedor: "não posso, fiz à menina porque é especial, estes são mais caros" - (eram iguais)
[...]
Eu: "está bem, anda lá então..."
O tipo ficou tão entusiasmado por ver que eu tinha cedido à proposta dele, autocongratulando-se como vencedor da dura negociação, que quando lhe dei 100meticais, apressadamente e sem pensar me deu troco de 75, conclusão: comprei os chinelos pelos 25meticais quase sem querer.

-------------------------------------------------//----------------------------------------------Voltando ao mercado. Depois de chegarmos a acordo com os preços, tinhamos no saco camarão, lulas e caranguejos para o jantar. Pedimos para arranjar e estava pronto a levar. Curiosamente mas com alguma lógica de negócio, ao lado do local de venda de peixe, há um espaço fechado (como as "tasquinhas") com mesas, onde se leva o dito cujo para ser preparado e cozinhado, tudo isto pago à parte e acompanhado com música ao vivo e muitos vendedores ambulantes que rodeiam o circuito das mesas com pinturas erguidas, fazendo lembrar aquelas meninas com os placards nos intervalos dos rounds de boxe. Vendem tudo: pulseiras, colares, pinturas, estátuas, esculturas e até... fichas triplas :)O sabor dos alimentos é indescritível, o camarão preparado pelas mãos experientes dos locais põe as miniaturas que encontramos no Jumbo a um canto, o caranguejo é selvagem e muito mais saboroso e as lulas têm tanta "carne" que mais parecem febras de porco :)Durante o jantar apareceu uma vendedora de amendoim que trazia o filhote às costas embrulhado na capulana, ou como se diz em Angola - na "cacunda" - e vá-se lá saber porquê, enquanto a mãe fazia a sua venda ele, pendurado nas suas costas, engraçou com o meu cabelo de tal maneira que não o queria largar... De tão aspro que é, fiquei com a sensação que o pequeno me devia estar a confundir com alguem que também tivesse assim uma carapinha assim... talvez o pai??? :S


Numa ocasião, quando a água bebida já aperta na bexiga estrangulada pela comida, pergunto à empregada se têm casa-de-banho ao que me responde de imediata: "sim, temos pátrão vem comigo". Quando cheguei à "casa-de-banho" e a vejo a apontar para uma parede mal acabada em cimento atrás da cozinha, fiquei tão incrédulo que desatei a rir sozinho perante a cara confusa da ingénua rapariga. Com orgulho fiz o que tinha a fazer ali, ao natural, com o devido cuidado para não molhar os pés e regressei para a mesa saboreando intrinsecamente mais uma oportunidade de ser "rude e selvagem" com a maior naturalidade por terras africanas sem ninguém a gritar "não pode mijar aí... badalhoco" - tenho dito!!!

Comemos todos e o jantar ficou-nos a de 240meticais, cerca de 8euros, o que tendo em conta a ementa, não é nada comparando com os standards em PT. Ainda fiz questão de ir à "cozinha" e cumprimentar os "chef's" do pitéu.


Muito bom, aconselho-vos quando cá vierem, só espero é que me convidem também...

Tenham um bom resto de dia!
Bjs&Abraços
Nuno