segunda-feira, 4 de maio de 2009

Coisas que acontecem... nos céus!

Longe vai o famoso ditado tradicional sempre presente na ponta da língua das nossas avós e que com tanta certeza expressa na sua voz rouca e doce prontamente afirmavam, face a qualquer situação de clareza mais dúbia : "não existem bruxas, mas que as há, há..."

Aparentemente, por aqui, as bruxas, bruxos, milagreiros, curandeiros, macumbeiros, vigaristas, líderes sociais, etc, confundem-se todos num mesmo círculo de personagens que ninguém sabe muito bem de onde vieram, fazer o quê, durante quanto tempo nem para onde vão.

No Jornal Savana, o sociólogo e colunista Carlos Serra, escreve:

"[...] Em 2006, residentes do bairro T3 na Matola chamaram curandeiros para descobrirem os assassinos que aterrorizavam o bairro, face à suposta ineficiência da polícia. Residentes e curandeiros apontaram o dedo acusador aos estrangeiros do Zimbabwe e dos Grandes Lagos residentes no bairro, capazes, segundo eles, de se transformarem em gatos, ratos e cobras para violarem mulheres na calada da noite e matarem cidadãos com o fito de lhes extraírem o sangue para operações mágicas.Desde pelo menos 1998 que milhares de pessoas em Nampula, por exemplo, acreditam que alguém as quer matar através do cloro. Este ano tomou curso generalizado na Zambézia a velha crença de que alguém amarrou a chuva no céu, fazendo com que os pobres sofram e morram enquantro os ricos e os poderosos vivem bem.Nos três casos - e outros poderiam ser invocados -, estamos perante situações extremas de inquietação social, motivadas por fenómenos considerados estranhos, horríveis, anormais, anómicos, destruturadores da vida social, fenómenos sentidos como expoliando as pessoas do seu ser, da sua vida, do seu equilíbrio (os fenómenos dos chineses papões de Inhambane e do chupa-sangue na Zambézia são, a este nível, exemplares). Situações nas quais nascem e irradiam explicações de um certo tipo, as quais como que vão buscar ao humús histórico de certas crenças tradicionais o fertilizante homologador da sua verosimilhança. [...]"

Fonte: http://www.savana.co.mz/index.php/colunistas/884?task=view


Por estes lados, os curandeiros e milagreiros representam um fenómeno social que prolifera numa população onde muitas vezes abunda a falta de informação e explicação racional de alguns fenómenos.
Ontem durante a tarde e noite, abateu-se sobre Maputo uma tempestade eléctrica como eu nunca tinha assistido, chuva, vento e trovoada provocaram estragos por todo o território e foram fonte de um considerável incêndio no porto comercial.
Só me resta concluir que finalmente alguém soltou a chuva mas esqueceu-se de a dispersar, pois por pouco que não caiu o céu também...


Bjs&Abraços
NR