quarta-feira, 11 de março de 2009

Inhambane Paradise Inc.


Olá, olá a todos! Aviso-vos já que este será provavelmente o ou um dos mais longos posts que farão parte da existência deste blog, muito graças à quantidade de fotos que vos gostava de mostrar e das quais apenas deixo aqui algumas. Hoje vou levar-vos a sair de casa até um local paradisíaco 650km a Norte de Maputo, perto da cidade de Inhambane, mais concretamente às praias do Tofo e Tofinho. Se tentarem situar-se no mapa, verão que se torna mais fácil situar a imaginação e até dá para ficar a conhecer melhor o país, pelo menos é o que eu tenho feito: http://maps.google.com/maps?source=ig&hl=pt-PT&rlz=1W1TSEA_pt-BRPT306PT306&q=inhambane&lr=&um=1&ie=UTF-8&sa=N&tab=wl
É hoje sexta-feira, final de mais um dia de trabalho. Soube há pouco que conseguimos finalmente alugar uma mini-van de 8lugares para 9pessoas por 80USD/dia (bom preço) e estamos prontos a partir no nosso fim-de-semana de fuga a Maputo. A nossa carrinha é cinzenta e tem a forma engraçada de uma barata metálica com rodas e até os espelhos parecem as antenas na cabeça da dita cuja. Apesar das minhas inúmeras tentativas infrutíferas de tentar chamar à razão de todos para os perigos de se fazer uma viagem de 650km, à noite e por uma estrada nacional sem iluminação, cheia de “crateras”, de camionistas “grossos”/ bêbados e sem um número de emergência nacional, a malta estava tão entusiasmada com a partida que tudo lhes parecia relativo que deixam-me com a sensação de ser o único elemento responsável, racional e consequentemente chato/seca de serviço! Finalmente calo-me na minha indignação ao risco desnecessário e como vozes de burro não chegam ao céu, lá arrancámos de Maputo às 19h.
Graças à hora de ponta, o trânsito era tanto que demorámos quase 1h30 a sair da cidade.

A estrada N1 é a única que atravessa o país de Norte a Sul e tem zonas muito boas, lembrando as auto-estradas europeias, mas tem zonas muito más mesmo, que mais parecem caminhos iraquianos recentemente bombardeados e nos proíbem de ultrapassar os 40km/h! Fazendo turnos de condução, fomos passando pela província de Gaza, Xai-Xai (onde jantámos), Manhiça, Quissico e Lindela… Entre alguns sustos pelo caminho, fruto dos buracos que surgem do nada, a maior complicação revela-se quando estamos prestes a ficar sem gasolina em plena selva, sem luz e às 4h da manhã porque NINGUÉM se lembrou que À NOITE as bombas de gasolina não estão abertas (sim estou um pouco recalcado por ninguém me dar ouvidos), mas com um milagre daqueles, lá conseguimos chegar a Inhambane com a carrinha já aos soluços:). Mais 21kms por terra batida e chegamos finalmente à casa emprestada pelo nosso colega moçambicano, no Tofinho.

Como em vez das normais 7h de viagem, demorámos umas abomináveis 12h, o caseiro Sr. João que tinha ficado de nos receber, desistiu de esperar e foi dormir para casa de uma das suas 3mulheres, conclusão, não tínhamos forma de entrar por isso fomos para a praia às 5h da matina já de Sábado… uns adormecem logo na areia, eu pessoalmente, como não consigo dormir com o Sol a nascer, a primeira coisa que faço é dar uma corrida pela beira-mar, apreciar a paisagem e mergulhar numa água a 30ºC! Irresistível!!!
Já perto das 11h, começou um dilúvio impressionante do nada, obrigando-nos a fugir para debaixo da casa que nem uns pardais encharcados. Ligamos ao Sr. João e finalmente pousamos bagagens mal dando conta que, tão depressa estava a chover como agora estava novamente um calor sufocante… Este clima africano baralha-me o corpo e as ideias! Ainda voltámos à praia por cerca de 2horas mas, qual europeus frágeis e inexperientes, só serviram para alguns de nós apanharem um escaldão que viria a durar todo o fim-de-semana. Eu por sorte recolhi-me cedo, escapei ao desastre e aproveitei a tarde para descansar. Podem ver a nossa casa emprestada pelo nosso amigo por 15eur/dia nas imagens bem gira, não é? À noite jantamos um delicioso Peixe-Serra grelhado, um bicho do mar com 9kg e cujas postas só me lembram verdadeiros bifes de vitela… Pensava para mim próprio, esta terra é sem dúvida abençoada, das árvores nasce fruta deliciosa e o mar é tão generoso, que não admira as pessoas aqui sejam felizes, têm tudo o que precisam num esticar da mão... Com umas caipiroscas deliciosas orgulhosamente preparadas pela Ana, vamos até a um bar na praia chamado Fátima’s, onde passamos um bom bocado à conversa e acompanhados por música ao vivo de uma banda sul-africana tipo reggae.





Como a casa do nosso colega só tinha 2quartos e sala, a logística de encaixar 9pessoas nestas condições torna-se complexa mas, com sorte à mistura, alguns de nós (onde eu me incluo) encontraram solução num resort para surfistas ali perto chamado "Turtle Cove", que por 12euros por noite, nos permitia umas horas tranquilas de sono, num género de cabana de 2andares, com quartos privativos e rodeados por um ambiente tropical fantástico. O único defeito do meu quarto era o barulho dos bichos provenientes do tecto em palha e me obrigaram a apreciar a companhia das osgas a comer mosquitos e claro, a dormir no sofá de luz acesa… Pela primeira vez dormi sob uma rede mosquiteira e ainda bem, porque de manhã fui acordado – qual donzela meiga e carinhosa – por um zangão do tamanho de um berlinde “abafador” com asas a tentar rasgar a rede com o seu ferrão e entrar no meu leito para me espetar violentamente nos olhos até à morte!


São 8h da manhã de Domingo e está tudo a dormir. Fico um pouco na varanda a ler e depois lá arranjo companhia para tomar o pequeno-almoço e dar um salto à praia para aproveitar o calor com o cão e a prancha de surf lá do sítio. Ao meio dia, os mais noctívagos do dia anterior lá começam a despertar e vamos então todos novamente para o Fátimas’s almoçar. Assim que sentamos, as nuvens acomodam-se e, surpresa das surpresas, cai novo dilúvio e desta vez parece mesmo que o mundo vem abaixo! Como é hábito, estamos há 2horas à espera da comida, chove e está um calor fenomenal então, eu e o Tiago, numa silenciosa troca de pensamentos sem palavras, não resistimos: só deu tempo de tirar t-shirt e calções e fazer uma corrida até ao mar em roupa interior! Foi extraordinário, ganhei a corrida mas acima de tudo ganhei uma sensação de liberdade ao experimentar algo que nunca tinha feito, ali sob uma chuva torrencial, com 30ºC e dentro do mar, quente… não há palavras que descrevam, só gostava que pudessem sentir o mesmo!!! Nesse dia não parou mais de chover senão à noite que novamente foi passada no Fatima’s Bar. E nesse mesmo dia, voltei a experimentar algo novo... Banho no mar à noite e, meus amigos, é qualquer coisa de... bom!
Jantámos em casa o resto do Sr. Peixe-Serra, amêijoas e oito lagostas com molho de manteiga compradas frescas aos pescadores na praia por uns míseros 130meticais/kilo (aprox. 4euros/kilo) dada a abundância deste pitéu num mar infinitamente rico.

Dada a distância e beleza da viagem, reconhecida por todos os nossos chefes (maioria portugueses), estes permitiram-nos tirar também a 2ªfeira de folga. Nesse dia esteve Sol e, já pensando na viagem que nos aguardava, decidimos fazer as malas cedo e deixar para trás o Tofinho para finalmente experimentar a famosa praia do Tofo, a cerca de 1km. Bom, eu podia estar para aqui a falar e a descrever tudo, mas acho que ficam melhor servidos com a panóplia de fotos que posto e que tão arduamente tive de seleccionar das centenas que tirei, na tentativa de levar este pedaço de céu comigo, nem que seja na recordação, sabendo que muito provavelmente nunca mais cá voltarei. Depois da praia e do adeus, almoçámos num restaurante na praia chamado – adivinhem - Mundu’s, que faz parte da mesma cadeia do de Maputo e tanto tem contribuído para o nosso súbito aumento de massa gordurosa com a fantástica pizza White, Tramezzini's e outras iguarias!
Partimos às 15h30 e parámos para abastecer na cidade de Inhambane, novamente na mesma bomba de gasolina que nos tinha valido na viagem para cá. Coincidência ou não, assim que saímos do carro, alguém diz: “malta, temos um furo!”. E ali estávamos nós, novamente prestes a começar uma viagem descomunal pela selva e sem possibilidade de socorro, com um pneu furado e, melhor ainda, sem macaco:) A partir de hoje, acredito em milagres…






Nessa paragem conheço um vendedor ambulante, o João de 19anos, cujo objectivo de vida limita-se a conseguir 300meticais (9euros) para ir viajando entre Maputo e Inhambane em busca de turistas para vender as suas estátuas feitas à mão. Tenta insistentemente vender-me uma pequena figura, ao que recuso com a mesma convicção. Não lhe dei dinheiro nenhum, em contrapartida, dei-lhe atenção, 5minutos de conversa e mostrei-me interessado na sua história e arte que, em forma de agradecimento do exemplo humilde que em geral brinda este povo moçambicano, ofereceu-me a dita estátua, que vou guardar com carinho e levar para PT.



7horas, muito cansaço, alguns sustos e muitos buracos depois estamos de volta a Maputo. Revigorados pela beleza das imagens que vimos, é hora de descansar porque amanhã é dia de trabalho… Espero que tenham gostado desta viagem, eu adorei e dificilmente farei uma melhor.




Deixo-vos com estas fotos e sim, em Moçambique o mar tem mesmo esta cor, não é só nos filmes... :o)




























































E aqui está, mais um bicho moçambicano com um tamanho anormalmente desenvolvido. Que coisa grande, se estamos longe de Chernobyl, só pode ser mesmo da abundância de calor e comida... digno de vídeo. Este gostava de levar para Portugal comigo!




Beijos&Abraços
Nuno

10 comentários:

  1. Nuno, adorei esta viagem, é mesmo de fazer inveja.
    Não há tubarões nessas praias?
    Foi pena não termos visto a peça de artesanato, fica para a próxima.
    As fotos são lindas...continua.
    Ainda bem que se divertiram.
    Beijos&Abraços

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  2. Oi Ju,
    Tubarões há mas eu não vi nenhum e ainda bem...
    No meio de tantas fotos, tinha de me esquecer da foto da estatueta :) Obrigado por lembrares e pelos comments!
    Então a pedido de várias familias aqui está a foto:

    Bj

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  3. Olá, foste recambiado para mozambique, mas parece q a alteração nao podia ter sido melhor.. dá inveja e vontade de ir aí dar um pulo... e nao sei s o problema é meu, mas nao consigo ver a foto da estatueta.. bjos

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  4. ola, foste recambiado para africa, o grande continente, e parece q alteraçao correu pelo melhor, parece q está a ser muito gratificante...
    dá inveja e vontade de ir dar ai um pulo..

    p.s nao sei s o prob é meu mas nao consigo ver a estátua
    beijinhos

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  5. Anda aqui uma pessoA preocupadinha com o menino, se ele se anda a alimentar bem e assim..
    Vai-te lixar e deixa-me ir ter contigo...

    Abraçao

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  6. Oi Anita, a nova foto da estatueta está por cima do video do bixo:)
    A troca tem os seus pontos altos e baixos, ainda estou em processo de avaliação...
    Obg por acompanhares o blog
    Bjnhos***
    Nuno

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  7. Alface, não precisas de pedir! Eu so quero companhia, se me vieres ca visitar até podes dormir na minha cama (e eu na sala claro)...

    gnd ab

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  8. Pois, pois ... olhem para mim coitadinho ... estou longe e a trabalhar .. ai fui para um estagio internacional .. pelo que vejo foste de ferias!!! Vai majé trabalhar homé!

    A tua sorte é teres uma namorada espetacula à tua espera!

    Beijinho bom

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  9. Mete nojooooo... Havias de estar aqui nos 20ºC abrasadores..Lol.. Brincadeira gaijo. Olha , quando voltares, ganhas mais dinheirinho e pagas a viagem a nós todos... :p

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  10. QUE DIZER?
    MAGNIFICA REPORTAGEM
    REVER A TERRA ONDE NASCI ,CRESCI,FUI MÃE ,PARI
    FOI UMA PRENDINHA DELICIOSA.
    OBRIGADA
    BJKS
    Maria,filha do Mar Longe

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