quinta-feira, 5 de março de 2009

Viagem ao outro lado do m... rio!

Olá. Hoje é Domingo de manhã, maior parte dos C13’s estão a dormir depois de uma noite longa de sábado na Rua d’Arte* (na imagem), mas há um grupo de resistentes, no qual orgulhosamente me incluo. Este foi primeiro fim-de-semana em que por fim fugimos da cidade de Maputo, apesar de não muito longe, fomos para Catembe.
Catembe é o mais parecido que nós temos em Portugal com a margem sul do Tejo, só que aqui não há Setúbal nem ponte Vasco-da-Gama, apenas uma meia dúzia de cabanas perdidas no meio de terras semi-cultivadas e uma extenção de costa a perder de vista pela linda baía de Maputo.
Para ir para o outro lado, temos de apanhar o ferry na baixa, e para ir para a baixa, temos as alternativas postadas em “TpM – Transportes públicos Mz ”, das quais escolhemos, adivinhem: o Chapa, claro está.

Vamos até à paragem, eis que surge de imediato o primeiro "caixão sobre rodas" completamente cheio, tão cheio que o condutor nem pára ao nosso sinal. Dois minutos depois aparece o seguinte candidato: Toyota Hiace branco de 9 lugares, tem um sinal afixado de lotação máxima para 15 passageiros, no qual já vão 15. Escusado será dizer que o cobrador (na imagem em pé) tanto argumentou connosco as excelentes condições do transporte que acabámos por entrar, nem que fosse para a aventura. Posso agora revelar que éramos 7pessoas, que, para qualquer um que faça contas resulta no extraordinário feito de “ensardinhar” 22 pessoas numa carrinha velha com lotação máxima para 15 e que outrora foi fabricada para transportar 9!!! Muito, mas muito bom mesmo...! Pior para quem sofre de claustrofobia :)
A meio do caminho, as pessoas foram saindo e a nossa colega Virgínia - um ser humano dotado de uma energia aparentemente inesgotável - ganhou então coragem para pedir ao condutor para colocar música tradicional. Imaginem portanto, o cenário dantesco daquela gente toda a tentar fazer com o corpo, aquilo que só era possível fazer com os olhos, ao ritmo da passada moçambicana… foi uma viagem no mínimo inesquecível e muito divertida.



Chegados à Baixa da cidade, antes de encontrar o local de embarque, ainda passámos por alguns símbolos da cidade, como são o Mercado Municipal, a Fortaleza, os Ministérios e o mais recente Maputo Shopping Center, uma construção contrastante com a realidade do resto da metrópole, que tristemente me faz recordar os demais e desproporcionais shoppings espalhados pelas cidades portuguesas. E eis que estamos na marginal 25Setembro prestes a apanhar o ferry para o outro lado da baía. E que barcaça velha nos esperava, “não sei como vamos chegar lá nisto” pensava eu para mim. Depois de todos encaixados, motores ligados e narizes ambientados ao odor intenso de muitos anos de travessias, a barcarola parecia ter-se transformado num Catamaran trans-oceânico, vá talvez esteja a exagerar um pouco… Mas chegámos lá!



A praia de Catembe é tudo menos paradisíaca, repleta de lixo, carcaças náuticas e com uma água castanha e opaca, fruto da poluição da cidade e das areias da baía. Enquanto uns desiludiam com o cenário, a nossa colega Ana reparou numa velha placa ferrugenta que publicitava “Gallery Hotel - jacuzzi, pool, volley" a 3km. Alugámos outro “chapa” e lá fomos. Já no hotel, este apresentava um bom ar apesar da sua construção datar de 1920, jacuzzi não havia e volley já não se jogava ali desde… 1920! Restava a piscina que era bastante agradável, com água limpa e quente, e uma vista privilegiada por cima do mar da baía, tocada ao longe pelos prédios altos da cidade.


A certa altura, a curiosidade falou mais alto e decidimos ir ao banho santo ao entrar pela primeira vez no Oceano Índico, escusado será dizer que rapidamente voltámos para a piscina, porque para além dos desagradáveis 35ºC de temperatura da água (que nos dá a sensação de estarmos numa sopa), havia algumas pequenas alforrecas qu inclusivamente encontraram no pé do Figueiredo um bom local para se roçar... Nada que umas gotas de vinagre não solucionem!

E assim passámos o dia por 300meticais (aprox. 9euros), almoçámos espetadas de galinha e regressámos ao final da tarde, num barco maior e com a sorte de pelo caminho assistir ao fenomenal pôr-do-sol africano em plena travessia da baía. Com um guloso gelado no Maputo Shopping, selamos o final deste dia! Estamos todos escaldados, fisicamente exaustos mas psicologicamente recuperados para uma nova edesgastante semana de trabalho.
*Quero só esclarecer-vos acerca da Rua d’Arte: é uma rua normal na baixa da cidade que à Sexta e Sábados à noite é cortada de ambos os lados com uns panos enormes e se transforma num emblemático mini Bairro Alto ou, para que conhece a Figueira da Foz, uma pequena "rua da moda" no Picadeiro, mas com apenas um bar. É lá que normalmente as pessoas se encontram para conviver e passar uns bons bocados entre conversa, copos e alguns quadros artísticos espalhados pelas paredes da rua.

Espero que tenham gostado de sair de Maputo comigo desta vez, outras viagens estarão para vir.

Beijos&abraços
Nuno

2 comentários:

  1. Ainda reclamavas tu dos smtuc cheios para a ida para a universidade!

    Desde um mergulho por mim??

    Beijos ********

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  2. sim dei, mas na piscina...

    Tenho saudades dos nossos Mercedes amarelos de 54lugares :)
    Beijos***

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