Viagem a... Bilene Paradise, Inc

Bom dia, bom dia!

Eu sei que a frequência dos posts tem vindo a diminuir gradualmente mas isso deve-se ao facto das coisas realmente interessantes acontecerem apenas durante o fim-de-semana. De segunda a sexta limito-me a trabalhar como qualquer outro ser humano que não nasceu com o "cú virado para a lua"...

Desta vez fomos até à Praia de Bilene (http://maps.google.com/maps?hl=pt-PT&tab=wl), uma pequena povoação a cerca de 160km Norte de Maputo. Éramos 11, seis partiram logo na sexta à noite, eu e os outros 4 decidimos não arriscar e partir calmamente no Sabado pela manhã no nosso Honda Civic alugado à pressão! O caminho feito de dia permite ver a beleza das planícies verdes e selvagens que rodeiam a capital, assim como a quantidade de vendedores ambulantes à beira da estrada, sempre a postos para nos impingir qualquer coisa vendável, castanha de caju, amendoins, fruta, vegetais, etc... Depois de 2horas de viagem, chegámos finalmente.

A Praia de Bilene é no mínimo original pela existência de uma lagoa enorme e parada que fica isolada das águas turbulentas do Oceano Índico apenas por uma língua de areia, completamente deserta e selvagem, normalmente apenas habitada pelos milhões de caranguejos que se banham ao sol, empurrados para fora do Índico pela ondulação forte. Enquanto atravessávamos a lagoa em direcção à dita praia no barco-taxi, o nosso barqueiro (Mário) explicou-nos que ocasionalmente surgiam naquele local tartarugas gigantes para desova, algumas chegando mesmo a pesar 500kg, imaginem só tropeçar numa coisa dessas! A esta altura, já os outros C13's estavam a preparar o frango de churrasco debaixo da única árvore que servia de abrigo viável ao Sol abrasador do meio-dia africano.Passámos a tarde toda na praia, divididos entre mergulhos quentes e paisagem selvagem, regressando ao final do dia ao lado inicial da lagoa para finalmente conhecer a casa de pernoita.

O sítio era mesmo próximo da praia, numa espécie de estância turística improvisada com casas ainda do tempo colonial. Era mais que bom, por 3500meticais/noite (cerca de 100eur) por uma casa com 6camas, para além de bom era barato, algo que considerando as condições dificilmente encontramos em qualquer outro local do mundo. Deixadas as bagagens, alguns de nós foram ao Mercado Central do Bilene comprar comida para o jantar... Como já era tarde, as peixeiras estavam desejosas de vender a todo o custo, sendo que quase se pegavam entre elas para seduzir os últimos clientes do dia. Depois de alguma confusão e negociação atribulada pela fraca percepção da lingua portuguesa característica das zonas mais rurais, comprámos para onze bocas esfomeadas 10peixes e 3kg de camarão por 600meticais, a estrondosa fortuna de 18euros!! Em PT, tal petisco não ficaria em menos de 100euros. O peixe era delicioso, carnudo e saboroso, típico do habitat em águas quentes. Entre outros, provei pela primeira vez o exótico peixe-papagaio que se distigue dos restantes pelas listas azuis brilhantes em volta da cabeça e cauda, muito bom!

O jantar foi muito animado, com o nosso colega Atanásio em grande performance na apresentação do seu cardápio de letras musicais rudes e labregas acompanhadas à guitarra e que, como qualquer grande artista, atingiu o auge e logo depois ficou esgotado, sendo quase arrastado por nós para um pézinho de dança na zona do mercado. Entrámos numa espécie de barraca vazia que, com a nossa presença, passados 5minutos estava rodeada por quase uma centena de pessoas, na sua grande maioria homens. Dançámos e conversámos com os habitantes locais durante algum tempo, ao som dos ritmos africanos, foi divertido, mas como tudo o que é demais é demais, e nós independentemente das boas intenções não deixamos de ser "brancos" num local extremamente pobre e em território estranho, quando pelos olhares alheios percebemos finalmente que a situação começava fugir do nosso controlo, decidimos ir embora. Quando estavamos a sair, azar dos azares, a nossa carrinha atolou no chão arenoso e quando pensávamos que nos iam depenar dos nossos pertences e deixar apenas a roupa interior, foi quando um grupo de rapazes se aproximou da carrinha e empurrou-nos para terra firme, uff, foi por pouco... Um momento para recordar em imagens mentais, porque apesar de ter a minha máquina digital no bolso, não arrisquei em tirá-la naquele local, desculpem :)

No domingo fomos tomar um brunch perto de casa e partimos novamente para a praia. Assim que lá chegámos, para nossa desilusão, reparámos que nessa noite tinha ocorrido uma maré que trouxe imensas alforrecas azuis que cobriam o areal e inviabilizavam qualquer tentativa de nos refrescar-mos na água do mar sem uma queimadura ou irritação potencialmente perigosas. A solução durante o dia foi a lagoa. Almoçámos novamente frango de churrasco e a meio da tarde começou uma mini-tempestade no mar que ainda nos apanhou na praia de razia, ajudando a refrescar o intenso calor... À saída da praia, encontrámos um tipo que ao som da música e em troca de 1,5euros fazia um espectáculo algo estranho mas fascinante, que colocava a um canto qualquer contorcionista olímpica chinesa, desconfio que lhe faltavam ossos :)

Estava na hora de dizer adeus a Bilene. De certeza que não será a última vez que cá estaremos, pois lindo, perto e barato é uma conjugação de características que agradam a todos em geral e como tal, é impossível não gostar disto! Mais uma vez, no início da viagem de regresso somos brindados com o por-do-sol africano, deixo-vos as imagens, espero que gostem...

P.S.: Estas pessoas já nascem com o ritmo no corpo, vejam o vídeo...

Beijos&AbraçosNuno